segunda-feira, 12 de maio de 2008

Clemilda!


Muitos, que vêem minha condição, perguntam se eu sofro de hipertricose. Não, eu, na verdade, sou acometido por licantropia. Adiquiri esse mal depois de estudar por muitos anos em um Liceu (uh,uh,uh... eu sempre tive vontade de fazer essa piada filológica).

Apesar de a hipertricose ser conhecida como a síndrome do lobisomem (werewolf syndrome), não é esse o mal que a maioria de nós traz no sangue. Nosso mal é perfeitamente curável, por bem ou por mal, ao contrário da hipertricose.

Além disso, alguém acometido por hipertricose pode perfeitamente conviver em sociedade. Nós, os lobisomens somos seres por demais intratáveis e ambiciosos e nosso mal é contagioso, enquanto a hipertricose é congênita.

Um dos mais notórios hipertricóticos que já viveu foi Stefan Bibrowski, nascido em 1890 em Varsóvia, Polônia. Quando tinha apenas quatro anos de idade um agente de circo alemão o descobriu. Naqueles tempos em que trabalho infantil era algo normal, ninguém achou estranho que os pais de Stefan concordassem em exibir o filho em um circo de aberrações.

Stefan foi então rebatizado como Leonel, o garoto com Cara de Leão. Ele era apresentado como um garoto que nascera daquela forma porque sua mãe havia visto o pai ser devorado por leões. Isso para as pessoas do século 19 era uma explicação bem plausível para uma pessoa ter pêlos de 10 centímetros brotando da face.

Apesar de trabalhar como aberração de circo desde a infância, dizem que Leonel era inteligente: falava cinco línguas e sonhava em trabalhar como dentista. Talvez por possuir apenas dois míseros dentes (condição comum de muitos portadores de hipertricose).

Ser peludo garantiu a Leonel conhecer o mundo, excursionou por toda a Europa e estados Unidos. Apesar de não ter crescido muito ele tinha 1 metro e sessenta centímetros, passou a ser conhecido como: Leonel, o homem com cara de leão. Às vezes confundido com Jo-Jo, cara de cachorro.

Ele se orgulhava tanto de sua pelagem que certa vez, o hotel em que ele estava se incendiou e Leonel foi o primeiro a sair de lá, seu maior temor era ter seus cabelos queimados e se tornar um homem comum como qualquer outro.

Leonel morreu aos quarenta e dois anos, dos quais 38 foram dedicados ao circo.

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